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Lugar de romantismo não é na cama
Definitivamente, lugar de romantismo nunca foi na cama. Quem acredita que fazer amor, em vez de sexo, é trazer o ser romântico que há em você para a cama, está muito enganado. Eu diria que a diferença entre fazer amor e fazer sexo é só uma questão de camuflar a palavra geradora de tabus: o sexo. Ou, então, assinalar que não se está fazendo sexo com qualquer pessoa, mas com alguém por quem se nutre um sentimento. Fora essa teoria toda, ambos são iguais na prática.
Na cama, a história é outra. O pegapacapá rola com tudo e os corpos se encontram na forma que mais íntima lhes parecem. É mão na bunda, nos seios, nas pernas e entre elas, principalmente. A troca de salivas acontece de todas as formas e os fluídos corporais não deixam a vontade mentir. A gente se contorce em posições mil e se encaixa perfeitamente um no outro segundo os moldes do filme pornô. A pornografia nos toma como dois e dois são quatro e ser romântico em meio às obscenidades nem combina.
Com o romantismo, o buraco é mais embaixo – não literalmente falando. Esse estado de beleza rara tem muito mais a ver com o cotidiano fora dos bastidores da intimidade que nos desnuda, pois está relacionado à convivência, ao dia a dia e a aceitar o outro com seus defeitos, vencendo orgulhos e aprendendo a ceder. A romanticidade está mais relacionada ao fato de dividirem a toalha, ajudar nos afazeres um do outro e cuidar dos filhos juntos – inclusive, frutos da pornografia que, em algum momento, os tomou.
Eu diria que lugar de romantismo é o cotidiano em todoos lugares da casa, mas não na cama nem em outros cantos com lambidas de tesão e fogo. Eu diria, também, que ambos precisam estar interligados a fim de que o casal consiga viver bem o suficiente para continuar planejando a vida juntos. Conviver bem nos dois sentidos é certeza de um relacionamento mais duradouro. Valorizar os dois (sexo e romantismo) e reconhecê-los em seu lidar diária é ratificar tais certezas. Portanto, amores, trepe muito e desnude-se, mas não esqueça de saborear os outros minutos com quem você escolheu ficar com você.
Lu Rosário
Jornalista. Baiana. Leonina. Feminista preta. Apaixonada por tudo o que diz respeito a sexo e sexualidade. Palavras e fotografias são suas taras.
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