Sem Tabus

O meio influencia nossos relacionamentos

Você pode não estar entendendo este título, mas quando ler o que eu tenho para dizer, vai concordar comigo – tenho certeza, modéstia parte. Antes me responda: você trabalha em quê? É professora, médica, advogada ou apenas estudante? É secretária, trabalha com telemarketing ou é um fotógrafo profissional? Respondeu-me? Ainda que eu não tenha ouvido, essa resposta deve ser direcionada a você para que possa entender como ocorrem nossos relacionamentos neste mar que é a vida.

Este tema me surgiu desde a época em que eu lecionava e percebia o quanto existiam professoras solteiras. Sem brincadeira, havia muitas mulheres acima dos trinta e solteiríssimas da silva. Em compensação, os poucos homens que atuavam na mesma profissão eram homossexuais ou comprometidos. Quando eu colocava na balança, não sobrava nada para as mulheres e isso justificava o “forever alone”.

A gente não pode levar ao pé da letra, mas a maioria dos relacionamentos surgem a partir do meio em que estamos inseridos. Se eu fiz uma faculdade e atualmente sou médica, a tendência é conviver com pessoas do curso durante a graduação e depois continuar convivendo em minha profissão. Não é a toa que pessoas da área de saúde costumam se relacionar com outras da mesma área e isso não é por uma questão de escolha, mas tem a ver com o leque de opções que lhes é colocado. Dentro disso, a gente tende a encontrar pessoas afins e, assim, o papo passar a ser mais interessante e a química dá sinais de fogo.

A gente nunca vai conseguir se relacionar com alguém que esteja a mil quilômetros ou tenha uma profissão extremamente diferente se, em algum momento, não nos encontrarmos e compartilharmos ideias. Graças a internet, as possibilidades de lidar com pessoas de diferentes âmbitos profissionais tem sido mais fáceis. Ainda assim, a afinidade precisa entrar em comum acordo e harmonia para que a coisa desande pro bem de todos e felicidade geral do coração e da mente.

Durante o tempo que lecionei, já estava conformada em não encontrar ninguém – o campo de graduados em Letras, particularmente, não é fácil nesse aspecto. Eu olhava prum lado e pro outro, não via ninguém pra mim e pior, não via ninguém para as outras mulheres também. Depois que entrei em jornalismo, a coisa continuou difícil – mas as possibilidades se abriram. Apesar da internet contribuir e dos amigos e amigas também funcionarem como portas, nada mais gostoso do que o tete a tete para um rala rola mais breve.

Não me levem ao pezinho da letra, já pedi isso. Ah, aproveitem para reler a palavra “influencia” no título. Coloquei ela justamente pelo fato de achar que o meio contribui e não que seja um ponto definitivo. Hoje em dia, confesso que sempre olho para as pessoas por esse viés e isso chega a ser engraçado, mas vou deixar de neuras e ouvir um pouco vocês. Nem vou comentar nada atual meu porque estou mais solteira do que caderno de matéria única – faltou uma metáfora melhor, enfim. Mas topo ler o que tem a dizer, é sempre um prazer confirmar (ou não) minha hipótese.

Jornalista. Baiana. Leonina. Feminista preta. Apaixonada por tudo o que diz respeito a sexo e sexualidade. Palavras e fotografias são suas taras.

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