Pré-conceito é algo forte, tenso e contemporâneo.
Não é de hoje que a questão do preconceito me traz reflexões. Nunca consegui compreender o porquê das pessoas não aceitarem o outro por uma característica externa, uma doutrina ou qualquer coisa que lhe seja particular. O preconceito, como o próprio nome diz, é uma ideia ou conceito pré-concebido sobre alguma coisa. É julgar sem antes conhecer e usar da ignorância para impor sua forma de pensar. Estou falando isso devido a algumas histórias que acontecem comigo devido a cor da minha pele. Na maioria das vezes, acontece de modo silencioso. E não só porque acontecem comigo, mas por ver outras pessoas compartilharem histórias parecidas. Logo, são exemplos que se repetem cotidianamente.
A questão racial está intimamente ligada a trajetória histórica do nosso país. Índios foram violentados e violados (inclusive sofrem muito preconceito até hoje e seria muito legal um dia poder conversar com um descendente direto para saber como isso se dá). Negros foram trazidos como objetos e sofreram em nossa terra. Após o período escravocrata, quem formou as favelas e permaneceu sofrendo com todo o seu passado? O negro. Estatisticamente, são eles que ocupam, majoritariamente, a classe mais desfavorecida da sociedade. Com isso, também possuem menos oportunidades.
Para ser mais específica neste assunto, pensemos no quanto é comum pensar que João ou Maria trabalham naquela casa como auxiliar de serviços gerais porque são negros, que ele está ali naquela casa de material de construções porque é empregado e atua no serviço braçal. Caso tenha uma condição notavelmente melhor, há que certificar-se primeiro para depois poder manter um diálogo maior e mais íntimo. Se for homem, pode ser que ele seja bem financeiramente porque mexe com algo ilegal; caso seja mulher, nem sei o que devem pensar. Acontece que pelo fato de ter uma pele escura, a pessoa sempre é julgada como se isso a tornasse diferente dos outros.
Além do que citei acima, existe a hipersexualização do negro. O homem é sempre visto como aquele que tem um pênis grande e grosso; a mulher como aquela que é quente na cama e cuja pele é tida como da “cor do pecado”, conferindo-lhe um ar de pecaminosidade. Esses estereótipos colocam-nos como impróprios para o matrimônio e propícios às relações casuais. Segregá-los a tais pensamentos é ser preconceituoso e esta perspectiva de pensamento está clara nos meios sociais, basta prestar atenção no que as pessoas dizem por aí, olhar mais atentamente ao seu redor e atentar-se às telenovelas e programas televisivos, bem como polêmicas a respeito. Assim, você vai saber do que estou falando e ser mais cuidadoso para não fazer perpetuar algo que soe preconceituoso.
Lu Rosário
Jornalista. Baiana. Leonina. Feminista preta. Apaixonada por tudo o que diz respeito a sexo e sexualidade. Palavras e fotografias são suas taras.