Sem Tabus

Em relação a monogamia, o que você acha?

Em 2014, li uma entrevista com a psicanalista e escritora Regina Navarro e resolvi escrever este texto. Textos devem ser publicados e trazidos para este novo espaço de despudor. Navarro diz que é provável, na segunda metade deste século, as pessoas viverem o amor e o sexo bem melhor do que vivem hoje. Além do mais, a psicanalista acredita que a monogamia pode ser tornar coisa do passado. Diante disso, vieram me perguntar o que eu achava sobre a monogamia e, ao pensar sobre esse assunto, achei justo compartilhar com vocês e saber o que pensam a respeito disso.

Como já sabemos, a monogamia é um contrato que foi criado por meio da história e se tornou parte da nossa cultura. Historicamente trazida pelo cristianismo, é uma forma de manter a relação de modo unilateral, ou seja, sem a interferência de terceiros. No entanto, este sistema funciona na teoria, mas não na prática. Com a crença de que é inviável manter um contrato entre as partes, em muitos casos nos deparamos com as relações extraconjugais e, entre os homens, isso acabou sendo reconhecido como algo comum e constituindo a expressão de que todo homem não vale nada.

De acordo com Regina Navarro, o modelo de casamento pode ser radicalmente modificado com o término da cobrança de exclusividade sexual que permeia a monogamia. Para ela, os modelos tradicionais que perpassam os relacionamentos já não são mais satisfatórios e “daqui a algumas décadas, menos pessoas estarão dispostas a se fechar numa relação a dois e se tornará comum ter relações estáveis com várias pessoas ao mesmo tempo, escolhendo-as pelas afinidades. A ideia de que um parceiro único deva satisfazer todos os aspectos da vida pode vir a se tornar coisa do passado”.

Atualmente e diante do lacre que envolve a monogamia, muitos casais já tem buscado o poliamor como uma forma de confiança no outro e de manter a relação a mil, ou seja, firme, forte e com a liberdade de ter outros parceiros sexuais. Porém, isso diz respeito a uma mudança na mentalidade das pessoas e, em sociedades de cunho machista e cristão, isso é difícil ou quase impossível. Por mais que as pessoas se permitam ficar umas com as outras em períodos curtos de tempo, por mais que elas aceitem as relações extraconjugais, a monogamia está no cerne de nossa cultura. Não é à toa que, como um leitor comentou, o ato de ficar aqui e acolá está associado ao descompromisso.

Contudo, isso não nos permite pensar que está havendo uma mudança na mentalidade dos sujeitos, pois comprometer-se com alguém ainda está, majoritariamente, relacionado a monogamia. Para completar, uma coisa é certa: quando algo se torna cultural, ele se cristaliza. Para perder esse status, demora anos e se este for concernente à religião, aí é que se torna mais complexo. Enquanto isso, minha dica é vivermos bem – seja de forma monogâmica ou não. A felicidade da gente depende da forma como nos sentimos melhor com quem queremos bem.

Jornalista. Baiana. Leonina. Feminista preta. Apaixonada por tudo o que diz respeito a sexo e sexualidade. Palavras e fotografias são suas taras.

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