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Elisa e Marcela: a história do primeiro casamento, realizado pela igreja, entre duas mulheres.
Elisa e Marcela, dirigido pela cineasta espanhola Isabel Coixet, é um filme que conta a história de duas mulheres que se apaixonaram e, no início do século XX, conseguiram burlar a igreja católica e se casaram.
Elisa Sánchez Loriga e Marcela Gracia Ibea, antes de protagonizarem o filme, foram personagens principais do livro Elisa y Marcela: amigas y amantes, do escritor Narciso de Gabriel. Apesar de não ter lido o livro, minhas pesquisas levaram-me a compreender que, apesar dessa história ser real, ela tem várias versões sobre a trajetória dessas duas mulheres. Devido a isso, a narrativa fílmica traz muitos hiatos e nos permite completá-la a cada momento.
O emocionante, ao assistir o filme, é toda persistência, amor, coragem e, principalmente, por este retratar o primeiro casamento entre mulheres realizado pela igreja – ainda que uma delas tivesse cortado o cabelo e se vestido de homem para enganar as autoridades religiosas.
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Elisa, ao se travestir, assumiu a identidade de Mario – um primo que havia falecido. Nesse ínterim, Elisa sumiu e Marcela engravidou de um morador da sua redondeza. No filme, a gravidez parece ser premeditada para que todos acreditassem ser filho de Elisa, agora Mario, e, assim, eles pudessem aparentar ser um casal heterossexual legítimo. Entretanto, a população local começou a desconfiar, a igreja as pressionaram e o caso repercutiu na imprensa.
Elisa e Marcela foram julgadas, fugitivas e presas. Ao fugirem da Espanha para Portugal, acabaram sendo presas e encontraram apoio. Porém, após o nascimento da filha de Marcela, elas teriam que cumprir o mandato de prisão e voltar para Espanha. Não cederam e, nesse momento, fugiram, deixando a filha.
O filme apresenta uma versão sobre este último fato, mas, em diversas pesquisas, encontramos várias versões sobre o assunto – a respeito da filha, da repercussão delas e, também, do término, pois, apesar do filme não abordar, acredita-se que elas se separaram e Elisa casou-se com um homem mais velho, negou-se a fazer sexo com ele e, posteriormente, suicidou-se. Enfim, prefiro seguir o hiato do filme e chegar a um final menos doloroso.
Dentre as notícias relacionadas ao casal do filme, uma delas, publicada no site UOL, me surpreendeu. De acordo com a matéria, Norma Graciela Moure, aos 60 anos, descobriu sua bisavó Marcela. Ela disse que queria fazer a árvore genealógica da família e precisava de mais dados, iniciando, assim, uma busca na internet e encontrando o nome de sua bisavó em mais de cinco milhões de resultados – por causa do livro. Incrível, não é?
Além do livro e do filme, a história dessas duas mulheres deu nome à uma rua em La Coruña, na Espanha, a uma peça de teatro e exposições – ressalta a matéria no site.
Em preto e branco e com poucas ações e muitos intervalo entre os relatos desenvolvidos no filme, o filme provavelmente não vai agradar muita gente, mas a mim prendeu a atenção. Se indico? Com certeza. Você o encontra na Netflix, hein?
Lu Rosário
Jornalista. Baiana. Leonina. Feminista preta. Apaixonada por tudo o que diz respeito a sexo e sexualidade. Palavras e fotografias são suas taras.
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