Sem Tabus

Dentro de um abraço, aço.

O que dizer da palavra abraço? Abraçar é unir os braços de um lado a outro e enroscar-se nele sem medir distâncias. É um gesto de carinho que parece transportar a alma de lugar. É encostar o coração e mostrar que ali existe mais que um encontro de corpos, mas um amor, um companheirismo, um acalanto. O abraço é desses: conquista.

Quando a gente dança juntinho, a depender da intimidade, abraçamos, colamos, sentimo-nos. Entretanto, o abraço que quero enfatizar hoje é outro. Refere-se ao abraçar que também proporciona colar de bocas e um adentrar. É um abraço que invade a nossa privacidade e nos torna íntimos, nem que seja por uma única noite. Abraçar no ato de amar, além do coração, é a carnalidade mais intensa que existe.

O abraço pode liberar a oxitocina do cérebro, provocando o aumento do nosso sentimento e intimidade. A gente fortalece ainda mais nossos vínculos e, assim, não quer mais largar. Os nossos músculos relaxam e faz com que aliviemos e nos sintamos mais leves. Endorfinas são liberadas, aliviam, também, as nossas dores. Muita delícia, não é? Além do mais, as serotoninas passam a ser produzidas com mais intensidade. Isso significa que a autoestima fica lá no topo, abrilhantando qualquer lugar, qualquer cama, qualquer afago.

Abraçar promove uma química que nem um livro pode explicar exatamente. Os braços constroem uma confiança que só os envolvidos conseguem entender. Um abraço é sempre mais do que a palavra abraço. Ele pode aumentar a produção de dopamina no cérebro. Isso nos abre sorrisos e colore qualquer relação fragmentada. Relacionamentos saudáveis são aqueles que geram abraços infindáveis.

Quem é que faz sexo, aqui, sem enroscar o outro? Algumas posições não precisam deste emaranhar-se, mas é o novelo completo que faz a festa ser inteira. Na festa que os corpos sabiamente promovem, a gente abraça a torto e a direita. É assim que sabemos que a química rolou, o santo bateu e se o forrozinho a dois debaixo dos lençóis pode continuar. O bolero, então, pode ser trilha. O tango, intenção.

É com o abraço que tudo começa e torna tudo sem tino na gostosa vontade de passar sorrindo, sentindo e lidando com aquele desejo de ser mais que abraço. Ser pernaço e aço – fortaleza que faz com que a palavra abraço termine forte, rente e sem pudor algum.

Jornalista. Baiana. Leonina. Feminista preta. Apaixonada por tudo o que diz respeito a sexo e sexualidade. Palavras e fotografias são suas taras.

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