No Forró, a gente se achamega.
Passou o São João e já estamos em Agosto. Passou aquela onda de forró pelo centro da cidade, nas casas entreabertas e nas portas das escolas. Passou aquele calendário, onde eu escolhia dançar no dia em que eu queria e no lugar que me desse mais vontade. Passou a euforia do povo, bem como a minha time line cheia de músicas de forró e de compartilhamentos de festas de camisa cujos vestígios de um forrozinho estavam em meio ao arrocha, axé, pagode, sertanejo e por aí vai – quer dizer, acrescento o funk. Enfim, passou o período junino e já estamos pra lá do meio do ano, mas uma coisa continua: a possibilidade de dançar forró e se aconchegar no outro. Neste inverno, melhor ainda.
Assim como em algumas tantas cidades do Brasil, Vitória da Conquista (BA) tem começado a adquirir a tradição do forró. Este fato se deve ao Projeto Roda de Forró, realizado pelo Trio Aconchego e Lua Ife, além de contar com a presença de Vinícius Gomes que propõe uma aula de forró em cada encontro. Com a intenção de integrar as pessoas em um ritmo tão gostoso, o projeto acontece em bares e pontos diferentes da cidade.
Tanto quanto fazer amizades, a roda tem sido uma forma de elevar a autoestima e paquerar um pouco. A dança possibilita o encontro de corpos, a boca perto do ouvido do outro, a mão na nuca ou na cintura, o cheiro no cangote e o favorecimento de pequenos elogios. Isso tudo é tão evidente que há uma vertente no forró chamada “cretinagem”, referente ao uso de estratégias para conquistar o outro ao som deste ritmo contagiante. E não foram poucas as vezes em que eu ouvi as pessoas agradecerem por fazer parte do grupo da roda. Bom demais, não é? Ah, e também não foram poucos os casais que eu vi se formando nestes encontros de forrozeiros.
Para jogar o charme às noites e descobrir-se sensual, vai prum forrozinho danado de bom. No Costinhas do Alto Maron e no Argentino’s sempre está rolando nos fins de semana. Para completar, nas quartas-feiras há sempre um canto com a galera da roda sensualizando em passinhos bem marcados. A programação forrozeira está disponível no Forrozeiros Vdc. Para aprender a dançar, aulas rolam por aí. Mas eu vou te dar uma dica: sentir a música e o parceiro (ou parceira) é a forma mais gostosa de balançar o esqueleto.
Lu Rosário
Jornalista. Baiana. Leonina. Feminista preta. Apaixonada por tudo o que diz respeito a sexo e sexualidade. Palavras e fotografias são suas taras.