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De repente

Alerta aos navegantes.

Esse conto não é conto e não é sobre sexo, mas sobre coronavírus, cachaça e clássico, mas, na verdade, é sobre muita coisa e quase nada.

Tudo se deu assim: perdi o sono por volta das 03h30, rolei na cama por um tempo e tentei engatar uma daquelas transas despretensiosas da madrugada, mas não rolou. Mesmo eu dando todos os indicativos e até colocado a mão alheia e sonolenta sobre o Benedito, que começou a se animar. Mas vendo total e inerte animação na mão, sucumbiu-se tristonho no seu recolhimento.

Virei de um lado para outro e resolvi me levantar para ler alguma coisa. Ao chegar ao escritório, que prefiro chamar de biblioteca, mas, na verdade, é um espaço de estudo, trabalho e de guarda de livros, pego um clássico que resolvi ler neste período de quarentena.

Para você que talvez esteja lendo esse relatou noutro tempo, estamos em quarentena por conta de um vírus chamado Coronavírus que os americanos dizem ser os chineses que criaram e os chineses dizem ter sido os americanos. Fato é que estamos de quarentena, reclusos em nossas casas com um presidente que apelidaram de bovi-17, pois ele nega que seja importante ficarmos em casa e que o dano à economia será pior que as vidas perdidas. Ele afirma categoricamente que trata-se de alarmismo, de exagero e que isso não passa de uma gripezinha, que qualquer um que tenha um corpo de atleta como o dele nada sofrerá. Triste é que, pelo visto o desgraçado pegou o corona, mas teve pouco efeito sobre si. Tenho suspeitas de que foi ele que criou essa merda e deixou na China via seu vice que esteve por lá, o Mourão, que mesmo tendo esse nome vem se mostrando menos limitado que o dito cujo.

Bem, mas eu estava falando que havia perdido o sono, que dei vontade de fazer sexo, mas não rolou e que vim para cá ler. Tomado o dito clássico às mãos, ao findar a primeira página, de soslaio, vi minha boa reserva sobre um balcão onde vamos colocando um monte de quinquilharias – esses bagulhos que gente vai achando por aí e que tem algum significado pra gente.

Lá estava ela, uma garrafinha pequena onde mantenho sempre uma reserva da “maledita” com alguma raiz ou erva. Essa que está ali atualmente é uma raiz amarga, chamada Quina, pensa um negócio que está curado. Eu olhei para a garrafinha e pensei: – São apenas cinco e vinte da manhã, um bom horário para tomar uma talagada, coisa que quero deixar claro, nunca fiz.

Esclarecimentos: nunca fiz assim, estando dormindo e acordar para, de repente, tomar talagada. Dessa forma é a primeira vez. Assim como nunca fiz sexo com mais de dez no mesmo ambiente, quem sabe um dia, tudo tem uma primeira vez. Isso mesmo, uma coisa inusitada e que faço pela primeira vez em quase meio século de existência, não é o sexo, é tomar a talagada de cachaça às cinco da manhã. Bom esclarecer para não acharem que trata-se do sexo. Tá aí uma coisa boa feita nessa quarentena.

A marvada desceu causando, mas desceu gostoso. Foi como aquele sexo que a gente faz na areia da praia, que rala tudo e gente fica parecendo quibe, mas é gostoso demais. Pois é, a danada desceu assim, gostoso, queimando e assoprando as entranhas, deixando aquela sensação de quando a gente passa álcool gel nas mãos e tem algum machucadinho, arde e a gente assopra gerando aquela sensação gostosa. Pois é, foi desse jeito.

Fica aí uma dica de quarentena. Se perdeu o sono, não rolou o vai e volta na cama e a leitura do clássico escolhido não fluiu, de repente uma boa talagada faz até você voltar ao clássico e sentir contentamento na alma com a descoberta de uma primeira vez inusitada.

Assinado, O Professor.

De algum lugar do Brasil e, é claro, com bastante tesão.

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