Indicação

A pornografia feminina por meio de Érika Lust

Há alguns anos, um amigo apresentou-me ao filme Five Hot Stories for Her. Quando assistimos, fui ficando daquele jeitinho molhado e despudorado de ser. Não deu outra, tivemos que colocar em prática o que nossa vontade pedia. Assim pulamos o capítulo e lá vai eu assisti-lo novamente, mas, dessa vez, sozinha. Da mesma forma, fiquei prontinha para o que desse e viesse e a culpa de tanto aguar dizia respeito a todo jogo trazido pelo filme, dirigido por Érika Lust.

Five Hot Stories For Her é um longa que contém cinco pequenas histórias, desvinculadas umas das outras. Cada uma delas possui um enredo e uma cena de sexo, cuja iluminação é bem trabalhada e cuja fotografia é belíssima. Escrito por uma mulher, apresenta um outro viés no que diz respeito ao que conhecemos enquanto filme pornô e, devido a isso, excita tanto, pois foge da mera explicitez sem enredo.

 

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Érika Lust é considerada a primeira mulher a a produzir filmes pornográficos para o público feminino. Ela é uma linda sueca de 39 anos que reside em Barcelona e tem um rostinho que não tem nada a ver com o das atrizes pornôs. É uma jornalista feminista, mestra em ciências políticas e gestão do audiovisual com especialização em feminismo e estudos sobre a sexualidade. Sua carreira, no cinema pornô, começou em 2004, mas foi, em 2007, que ela juntou lançou Five Hot Stories for Her.

A primeira história se chama Something about Nadia e conta a história de Nádia, uma mulher linda e dona de Sex Shop que tem o poder atrair outras mulheres. Devido a sua profissão, ela encontra-se em contato diário com aquelas que querem sexo e, para vê-la, muitas acabam entrando na loja e tornando-a mais movimentada. Entre todas as mulheres que foram mostradas, Nádia é colocada diante de uma cena de sexo com uma oriental. E pensa aí: é uma cena linda demais, de arrancar suspiros, de tirar a roupa, de querer se entregar. Sem excessos, sem amadorismos.

 

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O segundo curta chama-se jodetecarlos.com, que narra a história de Sônia Martins que pega o marido no flagra com outra e resolve dar o troco, fazendo sexo com dois homens ao mesmo tempo e fotografando e filmando tudo para, então, publicar em um blog que dá nome ao curta. A cena de sexo lembra os pornôs os quais estamos acostumados, mas o enredo é bacana e nos faz dar algumas risadas.

 

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Married with children é o terceiro curta e, diferente dos outros dois, trabalha o sadomasoquismo de forma leve. Neste, há um casal com filhos que se permitiu caiu na rotina. para sair dela e apimentar o relacionamento, planejaram um momento que envolve submissão, coleira, algema, uns tapas na bunda e máscaras.

 

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Relembrando as raízes do cinema pornô, The Good Girl é a história de uma jovem que conversa com a amiga ao telefone e esta não para de contar suas aventuras sexuais. Inclusive, a moça que a ouve confessa isso olhando para a câmera. Diante do que ouve, a ouvinte e também personagem principal começa a fantasiar com lugares comuns: massagistas, pedreiros e outros dos filmes pornôs até que ela escolhe transar com que lhe trouxer uma pizza.  A partir disso, ela pensa em diversos tipos de entregadores, porém, quem faz a entrega é um Pablo – um rapaz bonito.

De primeira, não deu certo; mas ele resolveu voltar, ela tira a toalha e a cena se desenvolve lindamente com uma música muito bonita e ritmada como pano de fundo. No final, ela pede para ele gozar em sua cara tal como nos filmes pornôs e acabam encerrando a noite comendo pizza.

 

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Por fim, e a última e quinta história, Breakup Sex mostra o sexo entre dois homens. Primeiramente, a briga; depois, o sexo; logo depois, sem que um deles veja, a despedida por meio de um bilhete na porta. Este curta é todo em preto e branco, além disso, chama a atenção os diversos ângulos com que são filmados.

 

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Em todos os curtas, é possível perceber que a iluminação, a fotografia, a trilha sonora e os ambientes são lindos e requintados, ou seja, nada a ver com o amadorismo do cinema tradicional pornô. Tiro o meu chapéu pra Érika Lust e espero que também goste de assisti-la.

Como eu ganhei de um amigo, não sei como fazer a indicação para compra ou download. Se alguém conseguir esse filme, avisa pra mim – please. Assim, posso passar para os outros leitores a fim de que todos tenham acesso. Pelo que eu soube, não há este filme legendado nem com dublagem em português, mas em espanhol – tal como o meu. E não se preocupe, o espanhol dá para entender e o que não for compreensível na linguagem verbal dá para saber pela não verbal.

Detalhe: meu amigo conseguiu porque outra pessoa deu o filme pra ele, logo o danadinho ta complicado mesmo, mas ficarei esperando o seu feedback.

Jornalista. Baiana. Leonina. Feminista preta. Apaixonada por tudo o que diz respeito a sexo e sexualidade. Palavras e fotografias são suas taras.

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