Pela madrugada
Depois das 22:00 deixa de ser cedo, é quando duas horas depois entra a madrugada e, ainda assim, as redes sociais estão em alta. A madrugada é quando a cidade e as bocas silenciam, mas os dedos e as vontades não. Neste momento, o sexo parece aflorar com mais vontade. A liberdade parece ser maior, o silêncio externo parece contrastar com a turbulência que irrompe por dentro.
Há quem não sinta sono e tenha os olhos bem abertos perante o despertar da sexualidade. É nesta hora que você pode se tocar e tocar o outro sem ser incomodado ou sem necessitar dar satisfações. Diria que este momento seria o dos orgasmos, da multiplicidade deles sobre pele ou sobre papéis. Sim, há quem tenha orgasmos com boas leituras de livros. Esclareço isso porque ler não é um ato que encontra-se somente no papel, está, inclusive, na ponta dos dedos, da língua e sob nossos ouvidos.
A madrugada é o êxtase, assim a sintetizaria. Há, também, aqueles que maravilhados com a lua e a escuridão do céu com suas estrelas, fotografa e divulga a sua belíssima captura – mero retrato de um poema visual. Há intensidade neste ato? Creio que sim! A noite e o madrugar favorecem isso.
Para os que se entregam aos sonhos, sono, cobertor e desejos, a noite também pode ser reveladora e a madrugada pode parecer eterna até um acordar insuspeito e a percepção de que o dia está recomeçando cheio de manias, planos e rotina.
Lu Rosário
Jornalista. Baiana. Leonina. Feminista preta. Apaixonada por tudo o que diz respeito a sexo e sexualidade. Palavras e fotografias são suas taras.